sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Diário da estrada – 17, 22, 26 e 28 de dezembro de 2012

Segunda-feira, 17 de dezembro de 2012 – No final da tarde, debaixo de um céu azul-claro sem nuvens (só havia umas poucas no horizonte), subi até o bairro vizinho. Começava a escurecer quando cheguei na praia, daí fui subindo pela faixa de areia. É larga, e o mar a transforma numa pista muito confortável. Avancei um tanto, talvez me estendendo até um pouco além do ponto que alcancei numa ocasião anterior. Enfim, fiz meia volta e desci tudo de novo, contemplando a lua crescente, a silhueta de um avião que levantou voo, o rasante de uma gaivota sobre a água e uma gatinha que passava por ali. Voltei para o asfalto e segui correndo na contramão dos faróis.

Hoje mantive um bom ritmo o tempo todo, e embora já estivesse mais cansado no final, poderia até ter continuado mais um pouco.

Tempo de hoje: 1h 15min.

Sábado, 22 de dezembro de 2012 – Saí no começo da manhã, debaixo de um céu cinza e chuvoso. Mas naquela hora caíam apenas algumas gotas esparsas. Fiz uma ida e volta básica, que alonguei um pouco nos trechos finais. Confesso que me obriguei um pouco a correr desta vez, mas de qualquer modo valeu.

Tempo de hoje: 40min.

Quarta-feira, 26 de dezembro de 2012 – Muita ventania no fim da tarde! Bem na hora em que eu ia sair. Mas saí de qualquer jeito, e corri quase todo o trajeto com vento, algumas vezes a favor, na maioria delas contra. Chuviscou um pouco no início, depois foi só uma ou outra gota ocasional. O céu estava meio encoberto, com nuvens não muito espessas, tudo num tom entre o cinza e o azul. Neste período, em que está fazendo um calor brabo, correr com um clima assim foi um verdadeiro presente.

Eu havia comido há pouco mais de uma hora, então comecei bem devagar. Inclusive porque tinha a sensação de que as pisadas não “caíam” muito bem, como se eu estivesse destreinado mesmo. Este ligeiro desconforto continuou, mas depois de algum tempo me acostumei com a corrida e acelerei o ritmo. Subi até o bairro vizinho, cheguei na praia, onde fiquei olhando por uns instantes o vento que varria a areia. Desci tudo de novo, e mais um pouco ainda, até chegar na praia do meu bairro. Quando estava perto de casa, ocorreu-me acrescentar uma ou outra volta, mas fiquei por ali.

Foi uma ótima corrida. Visual bacana, não me cansei demais, e apesar do desconforto inicial, vi que estou mesmo progredindo.

Tempo de hoje: 1h 22min.

Sexta-feira, 28 de dezembro de 2012 – Outra vez, saí logo depois das seis da tarde. Bem, na verdade, eram quase sete da noite. Ainda estava claro, e continuou assim até o final – um tempo cinzento, depois de alguns períodos de chuva. Minha intenção era fazer um trajeto mais breve, metade da distância até o bairro vizinho, e depois voltar. Acontece que, quando cheguei naquele ponto, resolvi esticar por uma ruazinha que eu pensava não ter saída. Mas ela tinha – a partir dali, fui seguindo por várias ruas, a maioria de terra, ladeadas por casas bacaninhas com quintais arborizados. Acabei subindo até o outro bairro. Então peguei a rua de volta, aquela que estou acostumado a seguir. Mas em certa altura, entrei de novo numa rua lateral, para outra vez ir descobrindo novos caminhos. Enfim saí numa longa rua de paralelepípedos, que lembrei de ter percorrido algumas vezes anos atrás, quando vim morar nesta cidade e comecei a fazer corridas por estas redondezas. Fui descendo até chegar no meu bairro. Nesta altura, eu já estava um tanto cansado, mas mesmo assim resolvi passar de minha casa, avançando mais algumas centenas de metros em direção ao sul, até chegar na praia. Aí terminei de voltar, não muito depressa, mas sem estar esgotado.

Se este relato pareceu não ter um rumo muito definido, é porque a corrida de hoje foi exatamente assim. Não sei como nunca me ocorreu procurar esses caminhos que avançam “por dentro” do bairro! Agora posso variar mais os trajetos, o que sempre é uma grande fonte de motivação para correr nas ruas.

Tempo de hoje: 1h 5min.

E fechando o ano...

Este foi um bom ano de corridas. Comecei com ânimo renovado, diminuí o ritmo no segundo semestre e agora estou com ânimo renovado outra vez. Tenho alguns meses de clima ameno pela frente, então espero aproveitá-los bem. A questão, que é sempre a mesma, não é a frequência nem a duração das corridas, mas o estado de espírito com que se realiza cada treino. É aí que se encontra a verdadeira estrada que precisa ser atravessada. Sempre que uma corrida fizer lembrar o privilégio que é olhar para um horizonte, sentir o sangue fluindo nas veias, seu desígnio estará cumprido.

Esta foi a verdade que o grande mestre Forrest Gump descobriu em sua extraordinária corrida. E é para conhecê-la que ele nos convida a correr também. Que todos os seus discípulos façam de suas corridas uma única corrida!



sábado, 22 de dezembro de 2012

Cenas da estrada – Tuscan road, Itália



“Minha vida tem sido muito mais emocionante e divertida desde que comecei a correr. A primeira ave da primavera, cardeais cantando na neve, o perfume do início da manhã... eu teria perdido todas essas coisas e muitas outras, se não tivesse começado a correr. A vida é muito mais rica quando se corre. Correr me dá muito mais do que eu jamais havia recebido antes.” Um corredor*

* Depoimento no livro Guia completo de corrida, de James F. Fixx

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Diário da estrada – 3, 6, 8, 10, 12 e 14 de dezembro de 2012

Voltando à estrada...

Não que eu a tenha deixado. Foi só um período em que procurei limitar um tanto a duração dos treinos. Mesmo assim, agora tenho a sensação de estar realmente voltando a correr, já que decidi acabar com as restrições.

Desta maneira, me permitirei correr um pouco mais de vez em quando, volta e meia reencontrarei um trajeto preferido, e eventualmente tentarei fazer alguma coisa nova. O importante é que renovei minha consciência do significado que as corridas têm para mim. Do jeito como deve ser... E será...

- Once more unto the road, dear friends.
Shakespeare, Henry V

Segunda-feira, 3 de dezembro de 2012 – Já era escuro quando experimentei sair para correr. Mas além de ter comido há relativamente pouco tempo, o que fez pesar um pouco o estômago, de repente fiquei meio impaciente. Então voltei.

Mas o ar estava ótimo! Fresco, revigorante e até mesmo inspirador. Pena que a corrida não deu certo. Mesmo assim, naqueles poucos minutos, percebi surgir em mim um novo estado de espírito. Não estou mais correndo só para manter a prática, como fiz nos últimos meses. Agora quero que cada corrida seja especial.

E já que resolvi anotar a corrida de hoje aqui, posso dizer que também não deixou de ser especial – eu nunca fiz um tempo tão curto!

Tempo de hoje: 16min.

Quinta-feira, 6 de dezembro de 2012 – No final da tarde, fiz uma ida e volta razoavelmente longa perto de casa. O céu estava com algumas cores muito bonitas, e voltei quando começava a escurecer. No início, senti-me meio pesado, mas essa sensação acabou passando em grande parte, então foi um ótimo treino.

Em certo ponto, aproveitei para retomar um hábito antigo, de ir pensando como escreveria este relato. Não costumo lembrar exatamente o que pensei, mas sempre fica uma ideia do que quero escrever. É bom criar estes textos!

Tempo de hoje: 44min.

Sábado, 8 de dezembro de 2012 – Saí para correr no fim da tarde. Estava me sentindo bem disposto. Subi boa parte do trajeto até o bairro vizinho. Enquanto voltava, pensei até em estender a corrida um pouco, mas aí resolvi parar no supermercado. Perguntei as horas ao segurança e encerrei por ali mesmo.

Tempo de hoje: 30min.

Terça-feira, 10 de dezembro de 2012 – Saí quando ainda estava claro, e tive a impressão que continuaria assim um pouco, mas de repente escureceu. Fiz uma ida e volta mais longa. Algo que comi na janta de ontem estava me pesando no estômago (senti-me assim o dia inteiro), por isso comecei num ritmo mais lento. Só que aos poucos fui acelerando e fiquei bem pelo resto do treino.

Tempo de hoje: 46min.

Quarta-feira, 12 de dezembro de 2012 – Subi até o bairro vizinho e ali fui até a praia. Uma boa corrida no final da tarde, ainda com a claridade do horário de verão. O estômago estava incomodando um pouco, por isso comecei num ritmo mais contido. E continuei assim mesmo depois que o desconforto havia passado.

Tempo de hoje: 1h 6min.

Sexta-feira, 14 de dezembro de 2012 – Mais uma ótima corrida no final do dia. Com bastante claridade, e desta vez um céu repleto de nuvens cinza-azuladas. Segui em direção ao sul da ilha, avançando algumas centenas de metros pela autoestrada. Passei pelo portão onde começa uma ladeira que vai até o alto de um morro, onde há um mirante que permite ver o mar e toda a região. Experimentei subir, e mantendo o ritmo bem moderado não tive problema. Chegando lá em cima, numa Casa de Retiro que parece desocupada grande parte do ano, fiz uma volta pela praça, dei uma bela olhada no mar – e para cima, e para todos os lados –, descendo em seguida. A partir daquele ponto, embora continuasse num ritmo lento, senti-me bem mais disposto. Subi uma longa rua, retornei por outra, e por um momento pensei em ir até o mirante de novo... Seria muito bom! Mas achei melhor voltar. A ideia de esticar o treino voltou a me ocorrer quando chegava em casa, só que talvez não me restasse gás para muito tempo, pois estava começando a ficar cansado.

Senti-me com boa resistência, embora não estivesse com disposição para acelerar. Acho que faz sentido: primeiro se ganha fôlego, e só depois, velocidade. O segredo é ir sem pressa e aproveitando o caminho.

Tempo de hoje: 1h 1min.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Cenas da estrada – Road to Petra, Jordania




“Experimento ao correr uma completa união de corpo e mente.” Annette McDaniels*
                                                                                    
* Depoimento no livro Guia completo de corrida, de James F. Fixx.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Diário da estrada – Corridas do mês


01/11 – 29min.

04/11 – 38min.

09/11 – 36min.

14/11 – 41min.

17/11 – 32min.

20/11 – 44min.

21/11 – 49min.

22/11 – 48min.

25/11 – 42min.

28/11 – 53min.

Nota

Desde mês passado, venho sentido vontade de fazer corridas mais “livres”. Como tem sido desde o início... Este estilo mais “moderado” foi útil por algum tempo, pois eu queria concentrar-me mais nos estudos. (Para minha surpresa, não só tornei-me mais consciente da leitura, mas passei a atentar mais para todo meu cotidiano – e isso faz sentido, afinal a maneira como se vive em cada hora do dia constitui a infraestrutura na qual todas as atividades, a exemplo da leitura, vão se encaixar. Eu vinha de um período um tanto difícil em termos de motivação, e agora isso está mudando.) Devo até confessar que, quando resolvi correr menos tempo, em trajetos mais simples, cheguei a me perguntar se depois de uns meses assim sentiria falta das antigas “experiências” de corrida. Fico contente em perceber que a resposta é positiva.

Ainda assim, não pretendo sair em dias e horários imprevisíveis como aconteceu bastante no ano passado. Continuo precisando me focar em diversas atividades, cada uma delas suficiente para me cansar um tanto. Então, com relação à corrida, o que farei será me permitir, apenas de vez em quando, seguir algum trajeto mais extenso (dentro de minhas possibilidades, pois agora tenho que melhorar um pouco a resistência). E quem sabe não tento coisas novas – p.ex., tirar um sábado para correr num bairro onde nunca estive antes? Há muitos lugares bacanas para conhecer.

Como diria mestre Gump: I just feel like running!

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Cenas da estrada – Road from Tupiza to Potosi, Bolivia




“O ato de correr é bastante simbólico da minha participação ativa na vida.” Uma corredora*

* Depoimento no livro Guia completo de corrida, de James F. Fixx.

sábado, 27 de outubro de 2012

Diário da estrada – Corridas do mês


06/10 – 38min.

07/10 – 36min.

12/10 – 29min.

13/10 – 42min.

19/10 – 31min.

20/10 – 36min

21/10 – 27min.

24/10 – 29min.

27/10 – 55min.

Nota

Custei tanto a me matricular naquela academia, e aconteceu o que eu receava: acabei percebendo que prefiro fazer exercícios por conta própria. É verdade que já tive experiências melhores com academias, mas afinal nunca fiquei por muito tempo, e acredito que esta vez foi a última. Quero poder acordar de manhã e ter os pesos e o que mais for preciso ao meu lado, de modo que não tenha que ir a outro lugar. E se quiser correr, bastará sair para as ruas, que são as melhores pistas que existem – achei a corrida em esteira pouco motivadora.

No final deste mês, houve uma mudança importante: coloquei em prática um plano muito antigo, de alternar musculação, yoga e corrida, perfazendo ciclos de três dias. (Como se pode ver no registro acima, hoje completei o segundo ciclo.) Estou desistindo do plano de correr só nos finais de semana, embora ainda esteja disposto a fazer treinos mais simples – sem variar muito os trajetos e evitando estendê-los demais.

Mas confesso que já não me parece tão necessário fazer essa “economia”. Hoje mesmo, contrariei o previsto e corri por mais tempo. Estive melhor do que esperava, sentindo as pisadas muito macias e mantendo um bom ritmo quase o tempo todo.

domingo, 7 de outubro de 2012

Cenas da estrada – Strathclyde, Escócia



Por: Ross2085


“Descobri que não me ajusto muito bem a nossa cultura. Não sou capaz de me relacionar com os valores predominantes e os processos de pensamento. Por causa disso, houve um problema inevitável em considerar minha própria realidade e avaliá-la pelo que é de fato. Correr ajudou-me consideravelmente. Sempre que caía numa depressão profunda e negra, correr era o único ponto de claridade a que podia recorrer. A beleza e a emoção da expressão artística de correr ajudou-me a enfrentar os defeitos de uma cultura tecnológica de massa, que fui incapaz de aceitar em seus próprios termos.” Benjamin Sawyer*

* Depoimento no livro Guia completo de corrida, de James F. Fixx. 
 
 

sábado, 29 de setembro de 2012

Diário da estrada – Corridas do mês


01/09 – 20min.

02/09 – 40min. 

08/09 – 37min.

09/09 – 53min. 

15/09 – 35min.

16/09 – 37min.

22/09 – 40min.

23/09 – 34min.

29/09 – 45min.

Nota

Uma corrida no final da tarde, e encerro este mês. Foram nove corridas em setembro, mais do que fiz nos últimos meses. Continuo treinando bastante ao anoitecer – felizmente, os dias começam a ficar mais longos e pego menos escuro.

Não senti nenhuma grande perda de condicionamento, mas com certeza houve, afinal tenho limitado um tanto a duração das corridas. Estou satisfeito por manter o hábito, mas confesso que nas últimas semanas tenho saído muito por obrigação. Será que este novo estilo “burocrático” de treinos está começando a me perturbar?

Uma novidade: depois de mais de um ano passando com alguma frequência na frente de uma academia perto de minha casa, acabei me matriculando. Não resta dúvida de que um pouco mais de exercício ajudará nas corridas, sobretudo quando retomar os trajetos mais longos daqui a algum tempo. Tenho corrido na esteira, mas ainda não com frequência, e sempre por poucos minutos. Está longe de ser tão interessante como correr nas ruas, mas seria bom aproveitar melhor essa possibilidade.

domingo, 9 de setembro de 2012

Cenas da estrada – Road through the arch


Por: .Bala

“O que correr fez por mim foi, inicialmente, ajudar-me a adquirir confiança e depois livrar-me das limitações desnecessárias sob as quais vivia. Minha autoconfiança elevou-se a um nível em que posso fixar objetivos que anteriormente eram inconcebíveis.” Edward Epstein*

* Depoimento no livro Guia completo de corrida, de James F. Fixx.

domingo, 26 de agosto de 2012

Diário da estrada – Corridas do mês


04/08 – 33min.

05/08 – 38min.

11/08 – 35min.

12/08 – 36min.

18/08 – 39min.

19/08 – 32min.

25/08 – 39min.

26/08 – 43min.

Nota

O inverno parece estar quase passando. Agora os dias estão mais amenos, com frequência ensolarados, e isso facilita bastante as corridas. Tenho saído nos fins de tarde, aproveitando um tanto de claridade e pegando um pouco de escuro ao voltar.

Minha intenção, nesta época, é simplificar ao máximo as corridas, assim estou evitando sair em horários mais incomuns (muito cedo ou muito tarde). Estou fazendo sempre o mesmo trajeto, uma rua razoavelmente comprida aqui perto de casa, e não persigo resultados de tempo – apenas procuro conservá-lo entre 30 e 40 minutos.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Cenas da estrada – Follow the path


Por: Patchy Patch

“Quando eu me sentia muito tenso no escritório, parava em algum bar ao voltar para casa e tomava alguns martínis. Agora, em vez disso, dou uma corrida.” Frank Adams*

* Depoimento no livro Guia completo de corrida, de James F. Fixx.

domingo, 29 de julho de 2012

Diário da estrada – 21, 22, 28 e 29 de junho de 2012

Sábado, 21 de julho de 2012 – Fui até uma rua comprida aqui perto de casa e a percorri três vezes. Estava com o estômago um pouco cheio, mas segui num ritmo bem tranquilo e não houve problemas. Ao contrário, quando voltei a sensação de peso havia passado.

Tempo de hoje: 38min.

Domingo, 22 de julho de 2012 – Fiz o mesmo treino.

Tempo de hoje: 35min.

Sábado, 28 de julho de 2012 – Fiz o mesmo treino de novo.

Tempo de hoje: 40min.

Domingo, 29 de julho de 2012 – E fiz o mesmo treino outra vez!

Tempo de hoje: 40min.

Uma mudança de rumo

E chegou a hora de fazer uma experiência. Eu havia resolvido que em 2012 faria corridas mais simples (mais breves, seguindo trajetos mais rotineiros e evitando coisas que pareciam naturais no ano passado – p.ex., correr debaixo de aguaceiros ou muito tarde da noite). Este plano se mostrou ainda mais acertado quando iniciei um novo período de estudo, exigindo que maneirasse em outras atividades para lhe dedicar atenção.

Bem, a atenção foi bastante até agora, mas de uns dias para cá se tornou necessário intensificá-la. De repente, o hábito de fazer corridas no meio da semana, saindo muito cedo ou depois que escurece, começou a parecer uma causa de desconcentração, quando o que realmente preciso é me dedicar ao máximo à leitura. E o mesmo quanto aos treinos mais longos que continuei fazendo até aqui: por mais que me sinta tentado a realizá-los, neste momento representam tão-somente uma perda de foco.

De algum modo, o hábito de correr me trouxe até aqui, a este momento em que vejo uma outra estrada se abrir à minha frente, e sinto (talvez, pela primeira vez de verdade) que se não me dedicar a percorrê-la com muito afinco tudo o mais será em vão. Não falo apenas de estudos para uma faculdade, mas sim do desafio de compreender certos problemas, a fim de poder um pouco mais adiante interferir neles de alguma maneira. Este é o verdadeiro caminho que preciso seguir, e foi isto que correr enfim me fez enxergar.

Por este motivo, criarei um novo hábito de corrida nos próximos meses. Até agora, nunca consegui encarar os treinos como apenas um exercício, mas é isso que tentarei fazer, a fim de reservar mais tempo e energia para a leitura. Deixarei as corridas para os finais de semana, e limitarei sua duração a no máximo uns quarenta minutos. Assim continuarei treinando oito vezes por mês (como se tornou comum de uns tempos para cá) e talvez até mantenha o condicionamento que obtive até aqui.

E mais importante do que tudo, desta maneira seguirei cumprindo a promessa que fiz ao grande mestre Forrest Gump. A promessa de, seja lá o que aconteça, continuar nesta estrada que é a mesma para todos os corredores – quer corram em pistas, nas ruas ou numa esteira de academia! O compromisso de continuar em contato com esta verdade que se descobre cada vez que se entra no ritmo de uma corrida...

E assim permanecerei, buscando aprender os segredos daquela outra estrada, até o momento em que me sentirei à vontade para retomar o meu verdadeiro jeito de correr, o único que realmente me faz sentir como naquela música de Bob Seger.



domingo, 22 de julho de 2012

Cenas da estrada – The long road home



“O atletismo, porque permite a um homem passar de um estado físico deficiente a outro melhor, pode ser considerado como um ramo da medicina, mas que felizmente proporciona espaço para se expressar espontaneidade, engenhosidade e julgamento.” *

* Paul Weiss, filósofo da universidade Yale, no livro Guia completo de corrida, de James F. Fixx.

sábado, 14 de julho de 2012

Diário da estrada – 4, 7, 12 e 14 de julho de 2012

Quarta-feira, 4 de julho de 2012 – Saí pouco depois de seis da manhã e percorri o trajeto básico, que na volta encurtei em uns duzentos metros. Havia dormido bastante, mas isso também significa que estava há muitas horas sem comer, motivo pelo qual senti certa falta de energia durante o treino.

Há muita neblina hoje, e o início da corrida foi interessante, pois ainda estava escuro e a luz dos postes conferia ao cenário um aspecto irreal. Depois clareou e tudo ficou cinzento – continuava difícil enxergar uns cem metros à frente.

Tempo de hoje: 41min.

Sábado, 7 de julho de 2012 – Acordei olhando a janela fechada, percebendo o frio e ouvindo a ventania lá fora. E fiquei com vontade de correr. Mas, durante quase todo o trajeto, senti-me um tanto vagaroso e sem energia. Só nas últimas centenas de metros essa sensação diminuiu um pouco. Comecei a correr com a jaqueta de ginástica, mas logo senti esquentar muito e preferi tirá-la, ficando assim até o final.

Tempo de hoje: 50min.

Quinta-feira, 12 de julho de 2012 – Quatro dias sem correr... É, estou me encaminhando para fechar a quinzena só com quatro corridas. Tudo bem! Ao menos, o treino de hoje foi bem melhor que o anterior. Saí no finalzinho da tarde e por vários minutos vi um resquício de claridade no horizonte, o que transmitiu uma boa sensação. Senti-me bem disposto, até mesmo confortável, na maior parte do trajeto – apenas em certa altura da volta fiquei mais cansado, mas isso é natural. Subi até o bairro vizinho, fazendo paradas em supermercados, armazéns etc., pois procurava a revista Planeta deste mês (sei que está com algumas matérias muito interessantes). Mas não achei em lugar nenhum! As paradas foram bem ligeiras, exceto por uma ou outra em que demorei um tanto escarafunchando revistas, então vou descontar apenas dez minutos.

Tempo de hoje: 58min.

Sábado, 14 de julho de 2012 – Fez uma bela manhã de sol, embora com o ar ainda frio. Foi só acordar, ver a claridade através das persianas da janela, e resolvi concluir a primeira sequência de corridas do mês. Saí sem saber exatamente que trajeto seguiria, e acabei fazendo pela segunda vez neste ano aquela longa volta que avança para além do bairro vizinho e se completa com a descida pela rodovia. Respirei pouco pelo nariz, pois cada vez que tentava o sentia gelar... Mantive um ritmo tranquilo (nem muito acelerado, nem muito contido), e embora tenha sentido certo cansaço apenas em uns poucos trechos, terminei exatamente quando era hora de terminar.

Tempo de hoje: 1h 38min.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Cenas da estrada – Lonely road, Ohio, Estados Unidos


Por: dok1

“É fato incontestável que o exercício é o melhor tranquilizante. Recuso-me a medicar pacientes com simples ansiedade neurótica, até que façam uma tentativa adequada de exercícios aeróbicos.” *

* Depoimento do Dr. Alan Clark, do Hospital de St. Joseph, em Atlanta, no livro Guia completo de corrida, de James F. Fixx.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

September when it comes, de Johnny Cash e Rosanne Cash

Em setembro de 2003, faleceu Johnny Cash, o cantor que era conhecido como Homem de Preto (pelo seu hábito de sempre se apresentar com roupas pretas), o mais premiado cantor country de todos os tempos e um dos grandes mitos da música norte-americana. Na verdade, pode-se dizer que Johnny Cash sempre terá a capacidade de se tornar um mito em qualquer lugar onde seja conhecido. Com sua voz sombria ele cantou as histórias das pessoas comuns, tão passíveis de cometer erros quanto desejosas de acertar, e de certo modo fez de sua própria história de vida um símbolo desta jornada universal.

Na música a seguir, ele canta com a filha, Rosanne Cash, que se tornou uma excelente cantora country. (Ela aparece, já crescida, ao lado do pai numa das fotos.) O vídeo abaixo traz algumas imagens muito interessantes e mostra que o Homem de Preto, embora possa se despedir como faz nesta canção, na verdade nunca irá embora.
 
September when it comes, de Johnny Cash e Rosanne Cash