sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Diário da estrada – 17, 22, 26 e 28 de dezembro de 2012

Segunda-feira, 17 de dezembro de 2012 – No final da tarde, debaixo de um céu azul-claro sem nuvens (só havia umas poucas no horizonte), subi até o bairro vizinho. Começava a escurecer quando cheguei na praia, daí fui subindo pela faixa de areia. É larga, e o mar a transforma numa pista muito confortável. Avancei um tanto, talvez me estendendo até um pouco além do ponto que alcancei numa ocasião anterior. Enfim, fiz meia volta e desci tudo de novo, contemplando a lua crescente, a silhueta de um avião que levantou voo, o rasante de uma gaivota sobre a água e uma gatinha que passava por ali. Voltei para o asfalto e segui correndo na contramão dos faróis.

Hoje mantive um bom ritmo o tempo todo, e embora já estivesse mais cansado no final, poderia até ter continuado mais um pouco.

Tempo de hoje: 1h 15min.

Sábado, 22 de dezembro de 2012 – Saí no começo da manhã, debaixo de um céu cinza e chuvoso. Mas naquela hora caíam apenas algumas gotas esparsas. Fiz uma ida e volta básica, que alonguei um pouco nos trechos finais. Confesso que me obriguei um pouco a correr desta vez, mas de qualquer modo valeu.

Tempo de hoje: 40min.

Quarta-feira, 26 de dezembro de 2012 – Muita ventania no fim da tarde! Bem na hora em que eu ia sair. Mas saí de qualquer jeito, e corri quase todo o trajeto com vento, algumas vezes a favor, na maioria delas contra. Chuviscou um pouco no início, depois foi só uma ou outra gota ocasional. O céu estava meio encoberto, com nuvens não muito espessas, tudo num tom entre o cinza e o azul. Neste período, em que está fazendo um calor brabo, correr com um clima assim foi um verdadeiro presente.

Eu havia comido há pouco mais de uma hora, então comecei bem devagar. Inclusive porque tinha a sensação de que as pisadas não “caíam” muito bem, como se eu estivesse destreinado mesmo. Este ligeiro desconforto continuou, mas depois de algum tempo me acostumei com a corrida e acelerei o ritmo. Subi até o bairro vizinho, cheguei na praia, onde fiquei olhando por uns instantes o vento que varria a areia. Desci tudo de novo, e mais um pouco ainda, até chegar na praia do meu bairro. Quando estava perto de casa, ocorreu-me acrescentar uma ou outra volta, mas fiquei por ali.

Foi uma ótima corrida. Visual bacana, não me cansei demais, e apesar do desconforto inicial, vi que estou mesmo progredindo.

Tempo de hoje: 1h 22min.

Sexta-feira, 28 de dezembro de 2012 – Outra vez, saí logo depois das seis da tarde. Bem, na verdade, eram quase sete da noite. Ainda estava claro, e continuou assim até o final – um tempo cinzento, depois de alguns períodos de chuva. Minha intenção era fazer um trajeto mais breve, metade da distância até o bairro vizinho, e depois voltar. Acontece que, quando cheguei naquele ponto, resolvi esticar por uma ruazinha que eu pensava não ter saída. Mas ela tinha – a partir dali, fui seguindo por várias ruas, a maioria de terra, ladeadas por casas bacaninhas com quintais arborizados. Acabei subindo até o outro bairro. Então peguei a rua de volta, aquela que estou acostumado a seguir. Mas em certa altura, entrei de novo numa rua lateral, para outra vez ir descobrindo novos caminhos. Enfim saí numa longa rua de paralelepípedos, que lembrei de ter percorrido algumas vezes anos atrás, quando vim morar nesta cidade e comecei a fazer corridas por estas redondezas. Fui descendo até chegar no meu bairro. Nesta altura, eu já estava um tanto cansado, mas mesmo assim resolvi passar de minha casa, avançando mais algumas centenas de metros em direção ao sul, até chegar na praia. Aí terminei de voltar, não muito depressa, mas sem estar esgotado.

Se este relato pareceu não ter um rumo muito definido, é porque a corrida de hoje foi exatamente assim. Não sei como nunca me ocorreu procurar esses caminhos que avançam “por dentro” do bairro! Agora posso variar mais os trajetos, o que sempre é uma grande fonte de motivação para correr nas ruas.

Tempo de hoje: 1h 5min.

E fechando o ano...

Este foi um bom ano de corridas. Comecei com ânimo renovado, diminuí o ritmo no segundo semestre e agora estou com ânimo renovado outra vez. Tenho alguns meses de clima ameno pela frente, então espero aproveitá-los bem. A questão, que é sempre a mesma, não é a frequência nem a duração das corridas, mas o estado de espírito com que se realiza cada treino. É aí que se encontra a verdadeira estrada que precisa ser atravessada. Sempre que uma corrida fizer lembrar o privilégio que é olhar para um horizonte, sentir o sangue fluindo nas veias, seu desígnio estará cumprido.

Esta foi a verdade que o grande mestre Forrest Gump descobriu em sua extraordinária corrida. E é para conhecê-la que ele nos convida a correr também. Que todos os seus discípulos façam de suas corridas uma única corrida!