quarta-feira, 25 de maio de 2011

Diário da estrada – 19, 22 e 25 de maio de 2011


Quinta-feira, 19 de maio de 2011 – Nos últimos dias, tenho corrido só para manter a disciplina. Talvez porque continuo saindo no escuro, com o tempo frio, o que não é das coisas mais animadoras. Isto não significa que a corrida não me agrade – mas, este enfoque demasiadamente “pragmático” está me cansando. Meu objetivo não é apenas manter a forma ou cumprir um plano. Correr é mais do que isso.

Estou sentindo falta de correr na luz do dia.

Tempo de hoje: 50min.

Domingo, 22 de maio de 2011 – Fiz uma ótima corrida matinal. Eram seis e quinze quando saí, e o céu estava ainda bastante escuro, embora manchas azul-marinho já se espalhassem no horizonte. Parti pelas ruas desertas, em direção à praia. Em certa altura, as nuvens se tingiram de um azul-chumbo, e depois começaram a clarear. Quando clareou pra valer, eu já estava subindo a longa avenida que tem início perto da praia. Um sol grande e alaranjado se destacou no horizonte – e demorou um tanto para esquentar. Como faço há algum tempo, saí com duas camisas, e não foi nenhum exagero, embora não estivesse frio. Bem depressa cheguei no final da avenida, satisfeito porque ainda me sentia bem disposto. Desta vez, dobrei à esquerda e segui em frente, continuando por mais algumas centenas de metros. Em certo momento, perguntei a uma pessoa que horas eram – apenas sete e doze, o que significava que nem uma hora havia se passado! Mas eu esperava por isso, pois estava mantendo um bom ritmo e o trajeto parecia ter “encurtado”, em comparação com semanas atrás. Enfim, continuei até chegar a outra bifurcação. Naquele ponto, posso simplesmente dobrar à esquerda outra vez e pegar uma longa reta que vai direto até em casa. Como isso deixaria a corrida mais breve, fiz meia-volta e retornei pelo mesmo caminho. Agora, com sol batendo no rosto, o que dificultou a visão e deixou as coisas meio perigosas – havia algum trânsito e carros passavam zunindo ao meu lado. Enfim, retomei a avenida que conduz para a praia. Aquela disposição toda havia acabado, em parte talvez por algum efeito psicológico da volta – senti as pernas mais pesadas, como que meio amortecidas, mas nada tão intenso como em algumas corridas de semanas atrás. Ocorreu-me que é uma sensação comum quando se corre por um tempo mais longo; basta ter paciência e ir tocando em frente, concentrando-se em cada novo trecho, sem ansiar pelo final. Cheguei na altura da praia, peguei a estrada que desce até em casa, e então – sem grandes sacrifícios – a corrida terminou.

Não repeti o tempo do domingo retrasado – duas horas e trinta e oito minutos – porque saí sem meu relógio. Se tivesse marcado no despertador, certamente teria seguido até escutá-lo. Em vez disso, avancei até o que me pareceu um limite natural do trajeto – aquela segunda bifurcação –, não mais me preocupando em completar um tempo específico. Em todo caso, venci outra vez a marca das duas horas, e tenho certeza que estou consolidando uma nova etapa nas corridas.

Tempo de hoje: 2h 13min.

Quarta-feira, 25 de maio de 2011 – Saí às sete da noite, meio sem saber o que faria. Acho que estava até meio inclinado a correr pouco. Acontece que engrenei um ritmo acelerado e fiz duas idas e voltas longas, ampliando em uns duzentos metros o caminho que estou acostumado a percorrer. Hoje, saí “disparado”, saltando do asfalto para a calçada, da calçada para o asfalto, respirando forte e suando muito. O mais bacana é que mantive esse ritmo o tempo todo, desde o começo até parar em casa, embora em alguns trechos a velocidade diminuísse um pouco.

Saí com uma camisa só, e nos últimos quinhentos metros senti frio.

Agora, acho que é uma boa hora para “pisar no freio”, voltar às corridas lentas, porque afinal o ritmo de hoje ainda não é sustentável em um trajeto mais longo. Além do quê, correr nesse ritmo à noite é meio perigoso – não por causa do trânsito, que estava escasso, mas porque enxergar o chão fica mais complicado.

Mas que foi uma ótima corrida, foi.

Tempo de hoje: 1h 20min.