segunda-feira, 25 de março de 2013

Resumo e comentários sobre o artigo “Na maciota”, de Bob Cooper


Este artigo fala sobre o risco de sofrer lesões que sempre existe durante as corridas e recomenda algumas estratégias para contornar esse problema.
 
O autor cita o ortopedista Rogério Teixeira da Silva: “Na corrida, seu corpo absorve cerca de três vezes seu peso corporal a cada passada. Então, a maneira mais eficiente de reduzir as lesões pode ser diminuir esse impacto”. O caminho, segundo Bob Cooper, é fazer mudanças eventuais “no terreno, na passada e nas distâncias percorridas”.
 
São apresentados a seguir os comentários mais importantes a respeito de cada um destes aspectos.
 
- Os estudos sobre os efeitos que correr em terrenos mais macios produzem ainda são “poucos, inconclusivos e conflitantes”. Fatores particulares de cada corredor, como peso, tipo de pé, modo de pisar, podem interferir. Na prática, entretanto, a elite das corridas há décadas prioriza os treinos em terrenos macios (terra, grama e areia), considerando que isso realmente ajuda a prevenir lesões. Além disso, comenta o autor, “superfícies irregulares diversificam a pressão nos pés e no corpo, são mais desafiadoras e possibilitam que você se recupere mais depressa entre os treinos”. É importante lembrar, no entanto, que esse tipo de superfície deve ser evitada por quem tem mais dificuldade de equilíbrio, tendência a torcer o tornozelo ou a sofrer lesões no tendão calcâneo. Também não há necessidade de concentrar todos os treinos nesse tipo de superfície, basta percorrê-la de vez em quando como uma forma de recuperação dos solos mais rijos.
 
- É muito importante atentar para a maneira como se pisa. Isto porque, a cada passada, “o impacto irradia pelos músculos, ligamentos, tendões e tecido conjuntivo desde os pés até os quadris”, acarretando o risco de lesão por estresse repetitivo. Deve-se visualizar o movimento das pernas como semelhante ao de quem pedala uma bicicleta, mantendo de preferência o corpo inclinado alguns graus para a frente (não muito, a fim de não comprometer a liberdade para ampliar a passada), evitando principalmente bater os calcanhares no chão. Isto também se aplica à descida de ladeiras, sendo preciso nesse caso resistir à tentação de esticar a passada e “frear” com os calcanhares. Também não se deve agitar demais os braços durante a corrida, pois isso “resulta em uma rotação dos quadris e das pernas que pode causar pronação excessiva”.
 
- Afirma o autor que “[a] única maneira certeira de diminuir seu risco de lesão é reduzir sua quilometragem, de acordo com uma revisão de 2010 de estudos sobre lesões na corrida”. Isto porque, nas palavras do médico do esporte Bert Fields, “[m]aiores distâncias percorridas são o fator que tem maior relação com a frequências de lesões na corrida”. Segundo o médico, “[p]arece que a maioria dos corredores pode percorrer com segurança 65 km por semana, o que está de bom tamanho para boa parte dos atletas amadores. Mas, a menos que sejam biomecanicamente perfeitos, o perigo de lesão aumenta quando ultrapassam esse volume”. Daí porque “tantos treinadores estão trocando parte do volume semanal por cross training”. Bob Cooper destaca os benefícios de alternar as corridas com outros exercícios, a exemplo de natação, ciclismo, corrida na água e musculação.
 
De minha parte, posso dizer que as observações sobre a importância de variar terrenos e prestar atenção na passada não foram surpresas.
 
No tocante ao primeiro aspecto, desde que comecei a correr com regularidade desenvolvi um gosto por seguir nas calçadas, precisamente porque ali o terreno é bastante variado: em poucas dezenas de metros pode-se passar por trechos de concreto, grama, areia, bem como por desníveis da superfície, e isso proporciona diversos benefícios para os pés: basicamente, é um modo de descansá-los e fortalecê-los ao mesmo tempo.
 
Já no tocante ao segundo aspecto, sempre percebi que é fundamental para o bem-estar durante a corrida – cada vez que deixo de reparar na maneira como estou pisando, começo a sentir fisgadas nos pés ou nos tornozelos, e isso demonstra bem a importância de a mente estar ligada na corrida.
 
Mas confesso que sinto alguma relutância em aceitar as observações do artigo sobre a necessidade de moderar as distâncias. Não que eu pretenda ultrapassar o limite de 65 km em meus treinos semanais! Entretanto, há algumas pessoas que correm mais do que isso – é o caso do ultramaratonista Adão Miranda da Silva, que faz treinos frequentes de dezenas de quilômetros, como já comentei aqui. Acredito que, se houver um cuidado com as duas primeiras questões, relativas ao terreno e à maneira de pisar, pode-se até intensificar bastante o volume de corrida sem maiores problemas.
 
19 de março de 2013
 
Referências:

COOPER, Bob. “Na maciota.” Runner´s world. Ano 5, nº 52. Fev. 2013.

Vídeo sobre pronação excessiva