sábado, 30 de março de 2013

Diário da estrada – 18, 21, 24 e 30 de março de 2013


Segunda-feira, 18 de março de 2013 – Dia chuvoso, e saí no fim da tarde. Fiz o trajeto básico pelas ruas encharcadas, debaixo de uma chuvinha fina, que se manteve assim quase o tempo todo – só num breve trecho, durante a volta, ficou um pouco mais forte. Embora o ar estivesse meio frio, a corrida foi suficiente para aquecer.

Tempo de hoje: 47min.

Quinta-feira, 21 de março de 2013 – Ainda estava bem claro quando saí, mas logo ficou escuro. Fiz o trajeto básico, mantendo um bom ritmo. E não é que este treino durou exatamente o mesmo que o anterior?

Tempo de hoje: 47min.

Domingo, 24 de março de 2013 – Toda corrida tem a sua hora. Acordei cedo, já pensando em sair. Mas, talvez por ter ido dormir mais tarde ontem, não me senti disposto. Fiz outra postagem no blog sobre música e depois fui almoçar com meus pais. Já voltei perguntando-me quando teria condições de correr, um pouco preocupado pois o céu estava encoberto e o rádio recentemente havia anunciado chuva. Poucos minutos depois de chegar em casa, resolvi sair naquela hora mesmo. Ainda estava de estômago cheio, então comecei num ritmo muito tranquilo, de corrida-caminhada. Eu tinha planejado fazer um “longão” no fim de semana passado, acabei não cumprindo, e hoje decidi tentar. Subi até o bairro vizinho, aí comecei a seguir pela avenida que se estende da praia até perto do terminal de ônibus. Há poucos dias, descobri na internet o seu comprimento: 2.800 metros. Bem, fiz três idas e voltas nessa avenida, e isso significa que a percorri seis vezes, o que resulta em 16.800 metros. (Um detalhe interessante desta corrida é que me mantive na calçada quase o tempo todo – isso sempre deixa o treino um pouco mais puxado, por causa das constantes mudanças no terreno.) Na primeira ida e volta, continuei no ritmo com que havia começado, de quase caminhada. Então comecei a me sentir mais leve, e aos poucos o ritmo foi aumentando, embora em nenhum momento eu tenha procurado acelerar muito. A segunda ida e volta não apresentou dificuldade, e só quando estava terminando a última comecei a sentir mais as pernas. Essa sensação me acompanhou durante o caminho de volta, mas não foi nada excessivo  a corrida não deixou de ser divertida. Cheguei em casa sentindo que era a hora certa de parar, mas seria exagero dizer que fiquei exausto.

 Eu havia feito esse treino uma vez em 2011, com tempo de duas horas e trinta e oito minutos, e outra vez em 2012, com tempo de duas horas e trinta e nove minutos. Na corrida de hoje, apesar do começo vagaroso, devo ter compensado depois, porque a duração foi um pouco menor. (Mas minha maior preocupação nem é tanto o ritmo, e sim desenvolver a resistência.) Eu estava mesmo precisando fazer uma corrida mais longa, e embora não tenha sido nada de extraordinário, foi realizada com a melhor das intenções. Portanto, é com orgulho e humildade que a dedico ao mestre Gump!

Tempo de hoje: 2h 34min.

Sábado, 30 de março de 2013 – A corrida passada, embora tenha sido ótima, deixou-me com as pernas doloridas por vários dias. Só ontem ou anteontem senti-me melhor. Assim, nesta manhã, resolvi sair outra vez. O clima estava perfeito para correr: o céu encoberto por um tapete de nuvens cinza-azuladas, um vento refrescante soprando. Saí com a intenção de repetir a corrida de domingo passado, mas logo mudei de ideia. Preciso fazer algumas coisas em casa, e ficar mais tempo na rua mudaria bastante os planos. Então, resolvi fazer apenas o trajeto básico.

A notícia boa é que as pernas se recuperaram bem. Segui num ritmo moderado, sem querer acelerar, só curtindo o trajeto. Não tenho corrido pela manhã ultimamente, mas com certeza não há momento do dia mais agradável.

Tempo de hoje: 46min.

E um adeus ao blog...

Escrevo neste blog desde 6 de março de 2011. E quando fiz aquele primeiro relato, tive a certeza de que as corridas seriam um hábito duradouro. Parece-me que acertei, ao menos continuo tão empenhado como naquela época em continuar treinando, mas chegou a hora de transferir estes relatos para outro lugar.

O hábito de correr veio me tirando de uma longa fase em que eu estava bastante desmotivado. Este blog deu impulso ao processo, e até inspirou-me a criar alguns outros blogs, na medida em que fui descobrindo novos temas sobre os quais gostaria de escrever e quis ter espaços apropriados para isso. (Alguns avançaram bastante, como aquele sobre meditação – prática que pretendo recomeçar –, enquanto em outros escrevi pouco ou não tive oportunidade de escrever.) Há algum tempo, percebo que o “milagre da multiplicação dos blogs”, como chamei, fez parte dessa retomada de impulso, porém agora tornou-se necessário simplificar. Quero ter um único local para registrar minhas ideias, e sem determinar temas de antemão, nem que tipo de textos deverei escrever. Embora eu continue, na verdade, interessado em escrever as mesmas coisas, agora deixarei que a escrita dite seu próprio ritmo.

Assim, é nesse novo espaço  o blog Holly holy days – que registrarei as corridas. Quero deixar claro, no entanto, que isso não significa de modo algum que eu esteja desertando o grande mestre Forrest Gump! Embora o blog que carrega seu nome deva permanecer inativo, sempre poderei escrever aqui em algum momento futuro. Este blog, que progrediu no ritmo das corridas, se tornará um lugar aonde virei para relaxar – e isso também constitui, afinal, uma boa razão de ser.

E partirei para uma nova etapa, por caminhos que agora parecem mais leves, lembrando sempre a lição do mestre Gump: que a vida é uma viagem numa ventania, em parte alheia à nossa vontade, em parte guiada por nós.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Resumo do artigo “Volta ao mundo em uma corrida”, de Dan Koeppel


Em 1997, o inglês Robert Garside iniciou uma corrida cuja meta era completar uma volta ao mundo. Embora tenha recolhido numerosas evidências de sua jornada, foi diversas vezes acusado de impostor – críticos alegaram, por exemplo, que Garside não teria atravessado correndo todo o imenso e inóspito deserto de Nullarbor, na Austrália. Para Dan Koeppel, entretanto, as evidências são bastantes para comprovar o feito. No artigo apresentado aqui, ele une comentários descrevendo a corrida de Robert Garside com um relato de sua própria experiência, quando – com o objetivo de verificar a plausibilidade do relato do inglês de sua travessia do deserto australiano – buscou ele próprio cruzar a região.
 
Neste resumo, diferentemente do artigo, divido os comentários em dois tópicos, o primeiro sobre a corrida de Robert Garside e o segundo sobre a experiência de Dan Koeppel atravessando o deserto de Nullarbor.
 
A volta ao mundo de Robert Garside
 
Desde criança, Robert George Garside tem o hábito de correr. Quando adolescente, criou um fascínio pelas viagens, ao ver a mãe voltar ao país natal, a Eslováquia, depois de separar-se de seu pai para pôr fim a um casamento difícil. Desde então, “[e]u queria ver o mundo porque esse é um jeito de entender as coisas”. Anos mais tarde, quando frequentava uma faculdade de psicologia, ele teve a ideia de verificar no Livro Guiness dos Recordes se alguém já havia realizado a volta ao mundo correndo. A resposta era negativa, e Robert Garside determinou para si a meta de estabelecer este recorde.
 
Ele divulgou seu plano, conseguiu patrocinadores e se autointitulou “O corredor”. Mas por duas vezes o plano falhou. Além de deparar-se com mais dificuldades do que esperava ao longo do percurso, também enfrentava problemas em seu relacionamento com uma namorada. Na primeira vez, interrompeu a corrida por volta dos 1600 km. Na segunda, chegou na Eslováquia, onde visitou a mãe, mas acabou parando por tempo demais, contrariando as regras estipuladas pelo Guiness. Em 1997, todavia, o relacionamento já tinha terminado, ele estava mais disposto do que nunca a cumprir seu plano, então saiu de Nova Délhi (capital da Índia) em sua terceira tentativa.
 
Dan Koeppel comenta: “O que significa dar a volta ao mundo correndo? Essa tarefa pouco tem a ver com uma ultramaratona e mesmo com a tentativa de bater um recorde. Conquistar um feito inédito em uma enorme, porém definida, distância ou espaço de tempo. Nessa empreitada, velocidade não é importante.” O Guiness determinou que Robert deveria percorrer uma distância maior do que o Trópico de Capricórnio (cerca de 37000 km), ficando a quilometragem diária por conta do participante. Ele iniciou em Nova Délhi em 20 de outubro de 1997, atravessou a China, foi o Japão, dali pegou um avião para a Austrália, onde fez a travessia do deserto, depois iniciou a travessia das Américas (desde Punta Arenas, no Chile, passando pelo Brasil, pela América Central e pelos Estados Unidos), pegou outro avião para o continente africano, percorreu ali alguns países, daí partiu para a Europa e finalmente concluiu chegando outra vez a Nova Délhi, em 13 de junho de 2003. Foram cinco anos e oito meses de viagem, totalizando cerca de 64370 km. Neste percurso, Robert enfrentou problemas de dinheiro e muitas vezes ficou sem saber que caminho seguir.
 
Porém, outra jornada começou em seguida, desta vez para defender a veracidade de sua realização em face de numerosos céticos. O pior foi que o Guiness – mesmo admitindo que as evidências reunidas por Garside ao longo da corrida eram convincentes – hesitou em reconhecer o seu recorde, alegando que era muito difícil ter uma certeza absoluta de que havia realmente sido conquistado.
 
Dan Koeppel e o deserto de Nullarbor
 
O autor do artigo, além de fazer uma revisão cuidadosa das provas da corrida de Garside, decidiu enfrentar por si mesmo o trecho a respeito do qual os relatos do inglês eram mais questionados: o deserto de Nullarbor. Ele se lançou na única estrada que cruza o deserto, entre as cidades de Perth e Adelaide – uma faixa de 2676 km de extensão. Duas vezes maior do que o estado da Flórida, o nome do deserto significa “sem árvores”, e tão pouca gente vive naquela região que inexiste registro oficial do número de habitantes. Há diversas “estações de serviço”, a distância entre 70 e 200 km – longe de ser o bastante para tornar uma corrida por aquela estrada menos do que um imenso desafio.
 
Dan Koeppel afirma: “De todos os lugares onde Garside correu, aqueles que não acreditavam nele defendiam que Nullarbor – o impossível, tórrido Nullarbor – era onde ele havia inventado as maiores mentiras para validar sua conquista”. E mais adiante: “Do ponto de vista de quem está sentado em uma poltrona, olhando mapas que só mostram a aridez de um local onde não há rios, lagos nem poças de água, parece absolutamente impossível correr em Nullarbor. Mas, quando você está lá, há uma maneira. Robert Garside descobriu esse segredo. E eu também.” Em síntese, o segredo, que o inglês já havia contado a Koeppel num e-mail enviado anos antes, é recorrer aos motoristas que eventualmente cruzam a estrada para conseguir água e outros mantimentos. “O segredo para correr em Nullarbor acabou sendo a hospitalidade australiana”, disse Garside.
 
Mas isso não impediu que Dan Koeppel enfrentasse dificuldades imensas. Assim ele descreve um trecho crítico da travessia: “Meu corpo estava sofrendo. Eu tinha bolhas nos pés. Meu dedinho direito estava cortado, infeccionado, e minha meia, inundada de sangue. Meu pé esquerdo também estava inchado e com bolhas, e eu tinha a sensação de que ele estava tentando explodir para fora do tênis.” E completa com este balanço dos resultados: “Mais de um ano depois, meus pés continuam machucados. As bolhas reaparecem sempre que corro mais de 8 km. Minha mecânica de corrida mudou, provavelmente por causa de Nullarbor.”
 
E quanto à volta ao mundo de Robert Garside? Dan Koeppel encerra seu artigo afirmando: “[E]u, assim como qualquer um que tenha realmente visto as evidências, concluí que a corrida de Robert era legítima”.
 
Referência:
 
KOEPPEL, Dan. “Volta ao mundo em uma corrida”. Runner´s world. Ano 5, nº 52. Fev. 2013. 
 

Resumo e comentários sobre o artigo “Na maciota”, de Bob Cooper


Este artigo fala sobre o risco de sofrer lesões que sempre existe durante as corridas e recomenda algumas estratégias para contornar esse problema.
 
O autor cita o ortopedista Rogério Teixeira da Silva: “Na corrida, seu corpo absorve cerca de três vezes seu peso corporal a cada passada. Então, a maneira mais eficiente de reduzir as lesões pode ser diminuir esse impacto”. O caminho, segundo Bob Cooper, é fazer mudanças eventuais “no terreno, na passada e nas distâncias percorridas”.
 
São apresentados a seguir os comentários mais importantes a respeito de cada um destes aspectos.
 
- Os estudos sobre os efeitos que correr em terrenos mais macios produzem ainda são “poucos, inconclusivos e conflitantes”. Fatores particulares de cada corredor, como peso, tipo de pé, modo de pisar, podem interferir. Na prática, entretanto, a elite das corridas há décadas prioriza os treinos em terrenos macios (terra, grama e areia), considerando que isso realmente ajuda a prevenir lesões. Além disso, comenta o autor, “superfícies irregulares diversificam a pressão nos pés e no corpo, são mais desafiadoras e possibilitam que você se recupere mais depressa entre os treinos”. É importante lembrar, no entanto, que esse tipo de superfície deve ser evitada por quem tem mais dificuldade de equilíbrio, tendência a torcer o tornozelo ou a sofrer lesões no tendão calcâneo. Também não há necessidade de concentrar todos os treinos nesse tipo de superfície, basta percorrê-la de vez em quando como uma forma de recuperação dos solos mais rijos.
 
- É muito importante atentar para a maneira como se pisa. Isto porque, a cada passada, “o impacto irradia pelos músculos, ligamentos, tendões e tecido conjuntivo desde os pés até os quadris”, acarretando o risco de lesão por estresse repetitivo. Deve-se visualizar o movimento das pernas como semelhante ao de quem pedala uma bicicleta, mantendo de preferência o corpo inclinado alguns graus para a frente (não muito, a fim de não comprometer a liberdade para ampliar a passada), evitando principalmente bater os calcanhares no chão. Isto também se aplica à descida de ladeiras, sendo preciso nesse caso resistir à tentação de esticar a passada e “frear” com os calcanhares. Também não se deve agitar demais os braços durante a corrida, pois isso “resulta em uma rotação dos quadris e das pernas que pode causar pronação excessiva”.
 
- Afirma o autor que “[a] única maneira certeira de diminuir seu risco de lesão é reduzir sua quilometragem, de acordo com uma revisão de 2010 de estudos sobre lesões na corrida”. Isto porque, nas palavras do médico do esporte Bert Fields, “[m]aiores distâncias percorridas são o fator que tem maior relação com a frequências de lesões na corrida”. Segundo o médico, “[p]arece que a maioria dos corredores pode percorrer com segurança 65 km por semana, o que está de bom tamanho para boa parte dos atletas amadores. Mas, a menos que sejam biomecanicamente perfeitos, o perigo de lesão aumenta quando ultrapassam esse volume”. Daí porque “tantos treinadores estão trocando parte do volume semanal por cross training”. Bob Cooper destaca os benefícios de alternar as corridas com outros exercícios, a exemplo de natação, ciclismo, corrida na água e musculação.
 
De minha parte, posso dizer que as observações sobre a importância de variar terrenos e prestar atenção na passada não foram surpresas.
 
No tocante ao primeiro aspecto, desde que comecei a correr com regularidade desenvolvi um gosto por seguir nas calçadas, precisamente porque ali o terreno é bastante variado: em poucas dezenas de metros pode-se passar por trechos de concreto, grama, areia, bem como por desníveis da superfície, e isso proporciona diversos benefícios para os pés: basicamente, é um modo de descansá-los e fortalecê-los ao mesmo tempo.
 
Já no tocante ao segundo aspecto, sempre percebi que é fundamental para o bem-estar durante a corrida – cada vez que deixo de reparar na maneira como estou pisando, começo a sentir fisgadas nos pés ou nos tornozelos, e isso demonstra bem a importância de a mente estar ligada na corrida.
 
Mas confesso que sinto alguma relutância em aceitar as observações do artigo sobre a necessidade de moderar as distâncias. Não que eu pretenda ultrapassar o limite de 65 km em meus treinos semanais! Entretanto, há algumas pessoas que correm mais do que isso – é o caso do ultramaratonista Adão Miranda da Silva, que faz treinos frequentes de dezenas de quilômetros, como já comentei aqui. Acredito que, se houver um cuidado com as duas primeiras questões, relativas ao terreno e à maneira de pisar, pode-se até intensificar bastante o volume de corrida sem maiores problemas.
 
19 de março de 2013
 
Referências:

COOPER, Bob. “Na maciota.” Runner´s world. Ano 5, nº 52. Fev. 2013.

Vídeo sobre pronação excessiva

quinta-feira, 21 de março de 2013

Cenas da estrada – Road of History



“O que temos feito é promover a ideia de que o desempenho de cada um não apenas tem sentido, como também é mais importante do que a proeza de alguém nas Olimpíadas. Preferimos ver 10.000 pessoas na pista correndo a milha em sete minutos do que ver 10.000 pessoas nas arquibancadas observando uma única pessoa correr a milha em três minutos e 50 segundos.” Joe Henderson*

* Depoimento no livro Guia completo de corrida, de James F. Fixx

sexta-feira, 15 de março de 2013

Diário da estrada – 1º, 4, 5, 9, 11, 13 e 15 de março de 2013


Sexta-feira, 1º de março de 2013 – Saí quando a claridade do dia apenas começava a esmaecer. Fui até o bairro vizinho, depois até a praia, então desci para a faixa de areia e avancei algumas centenas de metros – mas não tanto como nas duas ocasiões anteriores em que fiz isso. Eu vinha mantendo um bom ritmo, e na volta acelerei mais. (Mais do que seria prudente, na verdade; àquela altura, já havia escurecido, carros passavam com os faróis acesos em sentido contrário, e o melhor teria sido ir devagar. Procurarei deixar essas aceleradas para lugares mais tranquilos.) O único problema foi que, por ter lanchado há não muito tempo, senti um leve enjoo, que continuou no trajeto inteiro. Estava um pouco mais forte quando cheguei em casa. 

Tempo de hoje: 1h 8min.

Segunda-feira, 4 de março de 2013 – Acabei saindo quando já escurecia. Hoje senti-me muito disposto para correr. Fiz o trajeto básico, num ritmo bem acelerado. Fui até um supermercado (um que fica um pouco mais longe de casa), depois completei o trajeto carregando as compras. 

Tempo de hoje: 53min. 

Terça-feira, 5 de março de 2013 – Outra corrida no começo da noite. Peguei um restinho de claridade, e o resto corri no escuro. Caía um chuvisco muito leve, que ficou um pouco mais forte na volta. Fiz outra vez o trajeto básico. E como ontem, estava com bastante disposição, mantendo um bom ritmo até o final. 

A duração hoje foi um pouco mais curta do que ontem. Será que ontem descontei pouco o tempo de parada no supermercado? Ou talvez hoje eu apenas tenha corrido mais rápido, e acho que a explicação é esta mesmo. 

Tempo de hoje: 46min. 

Sábado, 9 de março de 2013 – Fiz duas provas de pedagogia nesta tarde. Voltei cansado, mas depois de alguns minutos em casa resolvi correr. Desci uma rua, cheguei na autoestrada e decidi continuar em direção ao sul da ilha. Creio que é apenas a segunda vez que faço este trajeto. Desci até o próximo bairro, passei de sua entrada e segui por mais algumas centenas de metros... Aí comecei a me preocupar com a hora e voltei. Chegando ao meu bairro, subi a ladeira que vai até a Casa de Retiros, fiz uma volta lá em cima (com uma parada muito rápida para olhar a paisagem), desci e continuei em direção a minha casa. Estiquei mais um pouco, pelo trajeto básico que costumo correr nos dias de semana, e enfim terminei. 

O tempo estava chuvoso, até porque havia caído um pé d’água no meio da tarde. (Cheguei meio encharcado no local das provas.) As ruas estavam bastante molhadas, um vento bem fresco soprava sem parar e o céu permanecia coberto por grandes nuvens cinza. Um chuvisco muito leve caiu o tempo todo, mas tive sorte, porque não voltou a chover. Eu havia comido cereais não muito tempo antes da corrida, então comecei num ritmo bem moderado, e foi exatamente o ritmo que eu precisava hoje – eu queria espairecer, ir curtindo a paisagem, sem nenhuma pressa. As passadas permaneceram macias durante todo o trajeto, e nos trechos finais, perto de minha casa, até experimentei acelerar em alguns momentos.  

A duração foi a mesma do treino que fiz em 16 de fevereiro. Adoro essas coincidências! Mas cheguei a pensar que demoraria um pouco mais. 

Tempo de hoje: 1h 38min. 

Segunda-feira, 11 de março de 2013 – Saí no fim da tarde. Não queria ir por trajetos mais distantes, então fiz três idas e voltas numa rua perto de casa. Logo escureceu, e foi agradável correr vendo o asfalto repleto de sombras, os faróis ocasionais que passavam. Eu havia lanchado há pouco tempo, por isso comecei num ritmo moderado, mas em certa altura pude acelerar mais. Até que a duração foi satisfatória. 

Eu ouvia música quando comecei a escrever esta anotação, e uma das canções foi a maravilhosa Rocky mountain high, de John Denver. Pareceu-me ter tanto a ver com as corridas! Senti-me inspirado e permiti-me divagar um pouco, imaginando algumas coisas que eu gostaria de fazer em minha vida de corredor. 

Agora voltei a ouvir esta canção, viajei outra vez naquelas ideias, e enfim me pergunto: quem sabe aonde uma inspiração é capaz de levar? 


Letra traduzida

Tempo de hoje: 51min. 

Quarta-feira, 13 de março de 2103 – É, criei mesmo o hábito de sair quando está escurecendo. Hoje fiz uma boa corrida: o único “porém” foi que, na maior parte do trajeto, mantive um ritmo mais acelerado do que seria o ideal – à noite, isso torna mais difícil enxergar uma pedra ou um buraco no meio do caminho. Segui o meu trajeto básico, acrescido de algumas centenas de metros, com uma parada rápida num supermercado (não aquele perto de casa; outro mais distante).

Tempo de hoje: 57min. 

Sexta-feira, 15 de março de 2103 – Fiquei preso num estudo e saí mais tarde do que pretendia: pouco depois das sete. Fui descendo uma longa rua, depois voltei por outra... Nesta altura, a chuvinha muito leve que vinha caindo engrossou um pouco, e foi minha deixa para reduzir o passeio. (Nem se tornou uma chuva forte, longe disso, mas hoje saí realmente só para completar a primeira metade do mês.) Fui até o supermercado, perguntei as horas para alguém e tratei de “encher a geladeira”.
 
Isso que há de bacana em correr: às vezes um treino é interrompido, e acaba sendo mais compensador do que se tivesse seguido o plano original. Imprevistos também são parte da brincadeira!

Tempo de hoje: 23min.
 

sábado, 9 de março de 2013

Cenas da estrada – Road



“Se você tenta correr como um meio-fundista universitário, especialmente quando se fica mais velho, vai acabar enfrentando todos os tipos de problemas. Mas da maneira como faço, pode-se correr para sempre.” *

* Joe Henderson, sobre seu estilo lento de correr. Depoimento no livro Guia completo de corrida, de James F. Fixx.